Estou aqui para oferecer um resumo de minha
opinião em relação a essa linha, nesse caso me limitarei apenas a ela tentando
elucidar apenas um pouco do culto de outras casas.
São espíritos que em sua encarnação foram índios,
oriundos das mais variadas regiões de nosso globo, plasmam-se como espíritos
que viveram grande parte de sua vida ou toda a sua vida, na floresta, no bom
relacionamento com a flora e fauna da região onde viviam.
Gostaria de fazer uma ressalva, que muitos índios,
mesmo antes de entrarem em contato com a ciência do homem branco, possuíam uma
cultura extremamente avançada, infestada de parábolas e excepcionais filosofias
de vida, o interessante, é que muito desse conhecimento, assemelham-se à
cultura oriental.
Na Umbanda, eles representam a jovialidade, a
força, a juventude, o período mais longo de nossas vidas, onde adquirimos o
senso de responsabilidade, formação sólida de caráter e onde toda a nossa
inteligência e conhecimento transmutam-se em sabedoria. São espíritos que se
apresentam de forma séria, exímios trabalhadores nas demandas, curas e limpezas
etéreas, muitos caboclos apresentam-se como verdadeiros conselheiros, amigos,
sempre dispostos a fornecer uma palavra de coragem e ânimo, outros caboclos já
não são muito de consultas, atuam mais no desmanche de feitiços e outras cargas
deletérias que absorvemos direta ou indiretamente do astral.
A Falange de caboclos é muito vasta, muitos atuam
nas mais variadas égides, como a de Xangô, Ogum, Oxossi, entre outros orixás,
dependendo da vibração da qual o caboclo atua, ele tem uma característica
peculiar, uns são exímios curandeiros, outros guerreiros vencedores de demanda,
outros muito velhos, servindo como ótimos amigos e conselheiros é uma falange
que não possui uma característica padrão em relação ao comportamento da
entidade.
Sua cor geralmente é o verde, em alguns casos
acrescenta-se o branco, mas pode variar dependendo da vibração atuante do
caboclo, seu próprio fio-de-conta pode variar. Suas oferendas geralmente são
frutas, flores, alguns solicitam charuto e cerveja em suas oferendas, já vi
casos de caboclos solicitarem vinho branco ou tinto. O pano que cobrirá a
oferenda também dependerá do caboclo bem como o local da entrega. Alguns
recebem em matas fechadas, outros sobre uma pedra, outros mais próximo a um
rio, outros em campos altos e de grama rasteira, também dependerá da forma que
seu caboclo trabalha e o local escolhido para ele transmutar as energias, cada
entidades tem o seu campo santo mediante a vibração que atua, portanto, cada
qual tem um local determinante para abrir os seus portais. Sua saudação é Okê
Caboclo.
Os caboclos costumam trabalhar com todos os
elementais, seja o fogo da vela aliado à fumaça do charuto, onde também
representa o elemento ar, a água, a terra, os vegetais. São os verdadeiros
guerreiros de Umbanda, sendo muito respeitados pelas demais linhas, geralmente
são os responsáveis pelo ori do filho, o mentor de toda a corrente umbandista
do médium.
Muitos são os espíritos que atuam sob essa
roupagem fluídica, costumo dizer que o caboclo é o alicerce de uma casa de
Umbanda, dentro de minha crença, são as entidades que têm total autonomia sobre
os exus.
Os caboclos, dependendo da vibração da qual estão
imantados, ou seja, energizados, apresentam uma característica diferente, como
citado acima. Gostaria apenas de salientar que todos os caboclos possuem a sua
vibração original, mas isso não impede que ele possa atuar sobre outras
vibrações, por exemplo, o senhor Pena Branca é um caboclo onde sua vibração
original é oriunda de Oxalá, mas já vi outros caboclos que trazem o mesmo nome,
atuando sob a vibração de Oxossi ou até mesmo Ogum.
Ocorre muita confusão em relação a isso, outro
exemplo típico é o Sr. Pena Dourada, originalmente ele é de Oxum, mas já o vi
atuando também em filhos de Oxossi. Mas a título de referência, de acordo com a
minha experiência, tentarei esmiuçar abaixo de acordo com as minhas
experiências:
Caboclos de Oxalá
A vibração
de Oxalá é aquela que nos traz a Paz, a Pureza de Espírito, são caboclos que
atuam na camada mais sutil do Centro, em nossos centros psíquicos, nos
preparando para os trabalhos litúrgicos dentro do terreiro. Falam muito baixo,
costumam conversar, atuam também na área de saúde. Muitos ocupam cargos de
chefia dentro da falange dos caboclos e dos próprios templos.
Alguns caboclos que atuam nessa vibração são Pena
Branca, Águia Branca, Urubatão da Guia, Tupã, Aimoré, Caboclo do Sol.
Caboclos de
Iemanjá
São
caboclos que em sua enorme maioria trazem o poder da cura, por serem exímios
manipuladores da água, o elemento da vida, possuem grande capacidade para
curar, regenerar tecidos recuperar a vitalidade de cada órgão das pessoas. Não
são muito sérios, costumam falar mais que os caboclos de Ogum ou Xangô, existe
muitas caboclas também sob a vibração de Iemanjá, geralmente são caboclos que
atuam na praia ou no mar.
Entre os caboclos mais conhecidos dessa vibração
estão Jurema da Praia, Iara, Ondina, Jandira, Jacira, Caboclo da Lua,
Beira-Mar, Ubirajara.
Caboclos de
Ogum
Geralmente
são sérios, atuam mais na Ordem do centro, inibindo a ação de entidades
maléficas e desmanchando demandas, são austeros, destemidos e onde atuam a Paz
deve existir, por trabalharem sob uma vibração que representa a força, o desejo
de vitória, limitam-se apenas em trabalhar vencendo as Guerras que cercam os
templos Umbandistas, atuam na limpeza da Egrégora da casa.
Alguns deles são: Rompe-Mato, Beira-Mar, Pena
Vermelha, Quebra-Ferro, Rompe-Ferro, Sete Estradas, Sete Lanças, Sete Escudos,
Sete Ondas.
Caboclos de Xangô
A Vibração de Xangô é a Justiça Carmica, é a Lei
irrevogável e onipresente Cosmica, são caboclos extremamente sérios, falam
muito pouco, atuam também no trabalho de desmanche de feitiços, fazendo
prevalecer a justiça para com os adeptos necessitados, alguns são exímios
feiticeiros, curandeiros e quimbandeiros, assim como a maioria dos caboclos de
Ogum, os caboclos de Xangô também atuam na esquerda e na direita em sua
maioria, a Justiça deve prevalecer independente do que aconteça. Alguns
caboclos de Xangô estão diretamente ligado aos exus, que são os soldados do
astral que auxiliam na Ordem das coisas.
Seus brados de guerra são muito intensos e breves.
Entre alguns caboclos estão Treme-Terra,
Cachoeira, Mata Virgem, Rompe Pedra, Sete Luas, Caboclo do Vento, entre outros.
Caboclos de Oxóssi
De todos os caboclos, são os que mais falam, é a
vibração que representa todos os caboclos em geral, costumam apresentar-se como
bons conselheiros, ótimos curandeiros e benzedeiros.
Alguns caboclos que atuam sob a égide de Oxossi
Guaraná, Jurema, Sete Encruzilhadas, Sultão das Matas, Araribóia, Cobra Coral,
etc.
Caboclos de Oxum
São caboclos que trazem todo o encantamento e
doçura dessa vibração, Oxum é a vibração de uma verdadeira mãe, protetora,
amiga e sábia, assim são os caboclos que atuam sob essa vibração.
Alguns caboclos que já presenciei de Oxum são Pena
Dourada, Iracema, Indaiara, Jandira, Jurema dos Rios, etc.
Caboclos de Obaluaie
São muito poucos caboclos que atuam sob essa
vibração, são caboclos muito sérios, falam muito pouco e costumam também
realizar seus trabalhos na esquerda. Seus brados de guerra geralmente são muito
curtos e ocos.
Alguns caboclos da linha de Obaluaie/Omulu são
Arranca-Toco, Vira-Mundo, Urutu, etc.
Algumas vibrações como Nanã, Iansã, Oxumaré,
geralmente transmitem aos seus filhos boiadeiros, o caboclo que o filho
trabalha durante os trabalhos Umbandistas, geralmente é o do segundo orixá de
seu ori. Raros os casos, por exemplo, de um caboclo de Iansã, como até mesmo o
Ventania, que para mim sua vibração é oriunda de Xangô ou até mesmo Sete
Flechas, que eu já vi muita filha de Iansã trabalhando.
Geralmente essa linha é evocada na abertura, para
limparem a casa de todos os malefícios que eventualmente ali adentram, em minha
opinião, é a linha de maior poder espiritual que atua sobre a egrégora da
Umbanda, em outras palavras, em termos de força guerreira; É uma linha que
respeito muito e acho de ilibada importância para os trabalhos umbandistas.
Os caboclos também são constituídos de nômades que
atuavam no Oriente, já vi alguns caboclos se plasmarem totalmente vestidos, com
roupas longas, denotando uma descendência mais oriental, vale lembrar que os
índios do norte da América também utilizavam roupas. Muita são as tribos que
atuam nos trabalhos de Umbanda, apenas citando alguns: Sioux, Apaches,
Chippeway, Comanches, Iroqueses, Navajos, Peles-Vermelhas, entre outras tribos do norte da América,
também temos a presença dos Incas, Maias e Astecas que situavam-se mais na
América Central e a vasta quantidade de tribos brasileiras, como Tupiniquins,
Tupinambás, Aimorés, Tupis, Tamoios, Guaiacurús, entre outras tribos, onde
alguns caboclos receberam como nome de trabalho, o nome de sua própria tribo.
Outro aspecto importante que já vi acontecer em
terreiros, é o médium de qualquer forma querer ter um cacique, vale salientar
aqui que em nem todos os casos, o cacique é o que possui maior luz, maior
hegemonia sobre os trabalhos, vale lembrar que o tempo de trabalho e a
intensidade do trabalho de uma entidade é o que determina seu conhecimento,
experiência e nível evolutivo, e como eu sempre digo, cada qual na sua função.
Nas tribos existiam diversos cargos, como os guerreiros, entre eles, havia o
seu chefe de Guerra, os Xamãs, que em algumas tribos também são conhecimentos
como pajés, que eram os curandeiros da tribo, muitos eram conselheiros e
exímios manipuladores de energia, tinha os vigias, os caçadores, entre outros
grandes cargos dentro de uma mesma tribo. O seu pode não ser cacique, pode não
ter o penacho até o chão, mas isso no mundo espiritual nada quer dizer, mais
vale o grau evolutivo e a forma altruísta de trabalho do seu caboclo ao tamanho
do seu penacho. Eu já trabalhei com quatro caboclos, dentre eles, apenas o Sr.
Pena Branca era cacique, o meu chefe de ori, Sr Urubatão da Guia era um xamã
entre os peles-vermelhas, o caboclo do Sol um curandeiro e feiticeiro e o
Rompe-Mato um guerreiro austero.
Essa é a
linha de caboclos, sempre solicitados nas demandas, sempre solicitados quando é
necessário a Ordem na Casa e geralmente são os chefes de congas nos terreiros
de umbanda, o guia representante da vibração do seu médium e o responsável pelo
comando da corrente umbandista de seu filho.
Fonte http://umbandadochico.wordpress.com
Saravá a Linha de Caboclos.
Okê Caboclo!
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